MANIFESTO
“A sala de aula, com todas as suas limitações, continua sendo um ambiente de possibilidades. Nesse campo de possibilidades temos a oportunidade de trabalhar pela liberdade, de exigir de nós e dos nossos camaradas uma abertura da mente e do coração que nos permita encarar a realidade ao mesmo tempo em que, coletivamente, imaginamos esquemas para cruzar fronteiras, para transgredir. Isso é a educação como prática da liberdade”
(bell hooks, 2013, p.273.)
Mais do que uma ferramenta a ser incorporada pelas empresas para atenuar a “pressão” nas redes sociais, o antirracismo é um estado de consciência que necessita tempo para se estabelecer e exige de nós trabalho constante, sensibilização, solidariedade, planejamento, conhecimento do processo histórico que nos trouxe até aqui, além de uma boa dose de inconformidade. Essa consciência cabe a qualquer pessoa que se coloque contra a reprodução das desigualdades, deseje deixar de contribuir com suas estruturas e ser parte da mudança.
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O dia 20 de Novembro, oficialmente instituído Dia da Consciência Negra em 2003, relembra a data do assassinato do líder quilombola Zumbi dos Palmares, na Serra da Barriga em Alagoas, em 1695, por bandeirantes enviados pelos portugueses. A data, reconhecida como feriado apenas em cinco estados brasileiros, é uma conquista do movimento negro brasileiro que demandava um dia que celebrasse as batalhas negras por liberdade e não a concessão circunstancial da liberdade, como no caso do feriado de 13 de maio. O chamado Dia da Abolição da Escravatura, instituído 1890, dois anos depois da assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel, buscava celebrar a “fraternidade entre os brasileiros”, uma falácia rejeitada pela militância negra que insistia na denúncia das condições sub-humanas às quais a população negra esteve submetida desde então.
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Depois de anos comemorando o dia 20 simbolicamente, novembro é hoje um mês marcado pelo debate racial no país. E para além da escuta ativa de narrativas negras individuais, discussões sobre a relevância de políticas públicas pela equidade racial, é preciso olhar para a educação e para as possibilidades de construção de um ensino que seja fundamentalmente antirracista. Ou seja, que se preocupe em romper com os mecanismos responsáveis pela reprodução das desigualdades que moldam a sociedade contemporânea.
Foi pensando na importância de ampliar e aprofundar o debate sobre as questões raciais que construímos o I Seminário da Consciência Negra do Centro de Comunicação e Letras - “Muito além de novembro: práticas antirracistas na comunicação” que acontecerá nos dias 11, 12 e 16 de novembro de 2021, às 11h e às 17h.
Os encontros serão online e com transmissão ao vivo pelo canal do CCL, no youtube e contarão com discussões sobre iconografia, discurso e práticas antirracistas na comunicação; os desafios enfrentados por tradicionais revistas femininas na hora de incluir não só a temática, mas também jornalistas negras; e o impacto das questões raciais na cobertura esportiva.
Contamos com a colaboração e a presença de todas e todos!
Atenciosamente,
Professoras Vanessa Oliveira, Patrícia Paixão e Mirtes de Moraes